quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Seminário Cultura das Mídias: Caminhos Críticos no Audiovisual



O Grupo Mídia e Narrativa, o Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social e a Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas realizam nos dias 8 e 9 de novembro o Seminário Cultura das Mídias: Caminhos Críticos no Audiovisual. 

O seminário é gratuito e as fichas de inscrição estão disponíveis no portal da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas (www.fca.pucminas.br). O evento acontece em Belo Horizonte, no campus Coração Eucarístico, prédio 13, multimeios 317.

Mais informações e envio das fichas de inscrição pelo e-mail cci@pucminas.br


Programação

08 de novembro
9h00
Abertura

9h30
Vera França (UFMG)
Crítica e cultura midiática: o papel da crítica na teoria e nos estudos comunicacionais

14h00
Mesa 1 – Cultura fílmica e violência: representações do crime na tela
Vera Lúcia Follain de Figueiredo (PUC RIO)
Violência urbana nas telas brasileiras: figurações do outro em perspectiva distópica.
Bruno Costa (PUC MINAS)
A meia-luz da verdade melancólica em Sobre meninos e lobos
Glória Gomide (PUC MINAS)
House, MD, e as matrizes do gênero policial
Mediadora: Teresinha Cruz Pires (PUC MINAS)

16h30
Lançamento do livro Profissão Repórter em diálogo, organizado por Rosana de Lima Soares e Mayra Rodrigues Gomes.


09 de novembro
9h00
Mesa 2 – Televisão, crítica e cultura
Felipe Muanis (UFF)
A pior televisão é melhor que nenhuma televisão
Ércio Sena (PUC MINAS)
Usos e relações com a tevê
Márcio Serelle (PUC MINAS)
Cultura e escritura: às voltas com o antropológico no reality show
Mediador: Marcos Palmer (PUC MINAS)


14h00
Mesa 3 – A cena e a obscena no cinema latino-americano.
Rosana de Lima Soares (USP)
Políticas da representação: visibilidades e invisibilidades encenadas
Samuel Paiva (UFSCar)
A busca por um cinema físico no Brasil (desde a década de 1960)
Robertson Mayrink (PUC MINAS)
Na fronteira. Os diretores mexicanos contemporâneos entre o terceiro cinema e Hollywood
Mediador: Mozahir Salomão Bruck (PUC MINAS)

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Imagens proativas do corpo e da cidade #coneco2012


Semana passada aconteceu o CONECO 2012 - Congresso de Estudantes de Pós-Graduação em Comunicação, na Uff, em Niterói. Colo aqui, na correria da madrugada de trabalho, o resumo do trabalho que apresentei na última sexta-feira, a partir do meu projeto do doutorado.



Imagens proativas do corpo e da cidade: Sobre interior/exterior na era da informação

Propomos uma cartografia das inflexões contemporâneas nas relações entre corpo e cidade, a partir da emergência de uma nova geração de dispositivos de visibilidade. Tais dispositivos caracterizam-se pela convergência de tecnologias digitais de produção de imagens e softwares de análise e identificação automática de padrões de funcionamento, que permitem ao dispositivo não apenas registrar processos dinâmicos, mas também monitorar e intervir diretamente em tais processos, através de ações previamente programadas. Dentro do crescente campo de aplicação de tais dispositivos, iremos circunscrever nossas análises ao que ficou conhecido como a terceira geração das tecnologias de vídeo-vigilância ou “vídeo-vigilância inteligente” e aos últimos desenvolvimentos nas tecnologias médicas de imageamento corporal que, mais do que localizar no corpo a zona de origem de determinadas doenças ou traços definidores da identidade pessoal, inserem-se no próprio processo de intervenção cirúrgica.

Ao analisarmos esses dois contextos de aplicação dos dispositivos “inteligentes”, nos instalaremos em um ponto de tensão privilegiado para o entendimento dos deslocamentos contemporâneos nas relações entre corpo e cidade. Partiremos da inscrição dos sujeitos contemporâneos em uma zona-limite, marcada pelas inconciliáveis posições que lhes são atribuídas através das partilhas agenciadas pelos dispositivos de vigilância e de imageamento corporal. Pois, se os regimes de vigilância ancoram-se em uma retórica que articula o espaço exterior, público, como uma instância ameaçadora e o espaço interior, privado, como o lugar da segurança; as tecnologias de produção de imagens médicas do corpo, supõem o interior do corpo como o lugar de ameaça, enquanto o exterior se constitui como ponto de origem das intervenções clínicas, que garantiriam integridade física.

Formularemos nossa hipótese a partir da suspeita de que os dispositivos “inteligentes” de produção e análise da imagem, ao articularem o monitoramento autônomo e a capacidade de intervenção à distância como parte de seu programa, dão mais uma “volta no parafuso” do processo de tradução do corpo e do espaço em termos informacionais. Este processo, que foi frequentemente pensado a partir de uma ontologia da imagem digital, se complexifica à medida que o objeto técnico, a máquina de visão, neste contexto, através de uma programação informacional prévia, tem como horizonte a retirada, do interior do dispositivo, do interpretante humano da imagem. Assim, a conversão do mundo sensível em informação não opera apenas no nível da configuração da imagem digital, mas vai operar em um registro, mais complexo, no qual determinadas configurações de dados implicarão uma intervenção direta no mundo sensível, e tal ação prescindiria (no caso da realização ideal do programa desses dispositivos) do mediador humano.

Há, portanto, um nível de digitalização que se inscreve na superfície da imagem e que, embora desencadeie determinados modos de subjetivação, passa por um mediador humano que, em um engajamento hermenêutico-afetivo, é capaz, ainda, de cartografar as fronteiras que definem, a partir das zonas de ameaça, interior e exterior. Mas iremos pleitear que há um outro nível de digitalização, que estaria sendo gestado no cerne dos emergentes “dispositivos inteligentes de visibilidade”. Neste caso, o nível superficial da digitalização permanece (pois segue havendo uma tradução do mundo em imagem informatizada), mas o dispositivo, que é programado para tratar tais informações, a partir de algoritmos cuja lógica de funcionamento é automática e proativa, performatiza, sem uma necessária mediação humana, ações no mundo material exterior à imagem, de modo que a informação entra em uma relação horizontal, des-hierarquizada, com o corpo e com a cidade, não havendo o privilégio ontológico de nenhum destes três elementos sobre os demais.

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